domingo, 11 de julho de 2010




Pressentimento




Tudo que você pressente eu sou

Qualquer paixão nos separa
É a loucura do momento
Em nossa cara
Fora desse céu cinzento eu vejo
Mais uma noite estrelada
Eu andava entristecido e te amava
Agora que eu não tenho medo
A solidão vai embora
Na janela em que eu sorria
Você chora
Fora desse fingimento havia
Alguma coisa sonhada
E eu não troco esse desejo por nada
Pode completar seu beijo, oh!
Despedaçando a memória
Procurando meu sorriso em sua história
Eu fugi do paraíso mesmo
Naquela noite pesada
Eu andava entristecido por nada.

NA MARGEM DO RIO PIEDRA...









NA MARGEM DO RIO PIEDRA...




Eu me sentei e chorei.
Conta a lenda que tudo que cai nas águas deste rio - as folhas, os insetos, as penas das aves - se transforma nas pedras do seu leito.
Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atira-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.
Ás margens do rio Piedra eu me sentei e chorei.
O frio do inverno fez com que eu sentisse as lágrimas em meu rosto, e elas se misturaram com as aguas geladas que correm diante de mim.
Em algum lugar este rio se junta com outro, depois com outro, até que - distante dos meus olhos e do meu coração - todas estas águas se misturam com o mar.
Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, para que meu amor nunca saiba que um dia chorei por ele. Que minhas lágrimas corram para bem longe, e então eu esquecerei do rio Piedra, do mosteiro, da igreja nos Pirineus, da bruma, dos caminhos que percorremos juntos.
Eu esquecerei as estradas, as montanhas, e os campos de meus sonhos - sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.''






Paulo Coelho






















Se eu te amo e tu me amas

Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais
Se eu te amo e tu me amas
E outra vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita é tua beleza
Como podes ficar preso
Como um santo no altar
Quando eu te escolhi
Para ficar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter teu corpo
Tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais
Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar
(...)

A Maçã_Raul Seixas e Paulo Coelho